Antonio Conselheiro e a Guerra de Canudos
quarta-feira, 5 de dezembro de 2018
Um pouco da história para comprar o livro para o Seminário....
No dia da escolha dos livros para que os alunos lessem para preparar o material para o Seminário todos os colegas de turma escolheram seus livros com os quais iriam trabalhar, e eu recebi do professor Nonato a tarefa de trabalhar com o livro A Casca da Serpente fiquei feliz pois ele havia dito que o livro era pequeno com apenas 162 páginas, mas não sabia eu que a compra do livro seria uma verdadeira saga.
O autor J. J. Veiga que sabemos faleceu em 1999 teve seu livro publicado em sua última e 4ª edição e que de lá até a data presente não houve interesse de ambas as partes família e editora em publicá-lo novamente, foi então que me deparei com um grande problema mas desistir jamais pois não é de minha índole desistir na primeira dificuldade que me aparece, comecei a procura pelo livro procurei nas livrarias dos shoppings Top Shopping e Nova Iguaçu (antiga Pedreira), nada! fui então aos sites na internet nada! Americas.com o atendente me deu um prazo de 15 a 20 dias para recebimento do livro em minha casa, procurei até na biblioteca central da UFRJ (FUNDÃO), e nada de novo.Fui ficando triste pois via meus colegas de turma lendo seus livros, fazendo comentários e eu já me vendo reprovada na disciplina de Literatura Brasileira III por não encontrar o livro, chorava e reclamava meus colegas já não aguentavam mais, até que procurei na Estante Virtual e lá enfim minha procura teve fim, finalmente encontrei o tão procurado e desejado livro mas tinha poucos dias para lê-lo por completo e fazer Power Point mas o prazo de entrega também mais uma vez dificultava a feitura e apresentação do meu Seminário, foi então que enviei um email para o dono do Sebo Virtual expliquei toda minha situação e para minha surpresa o rapaz morava no mesmo bairro que eu em Mesquita perguntei se eu fosse em sua casa ele me venderia o livro em mãos mais conhecido como pessoalmente respondeu que sim pedi um colega que fosse comigo pois o bairro dele é um pouco perigoso, e enfim o LIVRO li em menos de duas semanas fiz meu power point apresentei e foi um misto de felicidade, alegria e choros muitos choros pois consegui o que parece impossível minha aprovação na disciplina. E hoje estou aqui confeccionando este blog para minha aprovação na disciplina NEPE IV e que com certeza VIRÁ!!!!!!!!!
Quero agradecer meu pai Rene que mesmo doente viu e compartilhou meu sofrimento, desespero e felicidade por minha aprovação, aos meus colegas e alguns professores de Literatura entre eles: Fernanda Garbero, Fernanda Felisberto e Valéria Rosito e principalmente a DEUS por me dar discernimento e confiança de que tudo daria certo!
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO MULTIDISCIPLINAR
DEPARTAMENTO DE LETRAS
COORDENAÇÃO DOS CURSOS DE LICENCIATURA EM LETRAS
LUCY BAUER
ANTÔNIO CONSELHEIRO E A CASCA DA SERPENTE
NEPE IV apresentado ao Departamento de Letras do Instituto Multidisciplinar da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro como requisito parcial para obtenção de nota e aprovação no curso de Licenciatura em (Português/Literaturas)
NOVA IGUAÇU
2018
A Casca da Serpente: uma recriação de Antônio
Conselheiro
Num dos últimos romances do grande escritor José J. Veiga, também conhecido como J. J. Veiga, o autor fez um enredo que traz forte ligação com a história de Canudos, propondo um final diferente e, ao mesmo tempo, um novo ciclo para a vida dos guerreiros baianos. Em A Casca da Serpente, publicado em 1989, a história se inicia no final da Guerra de Canudos, na qual se podiam encontrar os destroços deixados pelo exército brasileiro, porém, com uma diferença: Conselheiro ainda vivo cria um plano em que consegue, com a ajuda de seus comandados, fingir-se morto para não ser capturado pelos soldados. Com o sucesso da estratégia, o líder religioso consegue reerguer outra Canudos em um lugar chamado Canabrava. Lá, a vida de todos que seguiam o bom conselheiro se torna melhor, o que nos remete ao ponto mais importante e mais notável dessa obra de Veiga. O líder se transforma em muitos aspectos e isso influencia a vida de todas as pessoas que o cercam. Antônio Vicente Mendes Maciel, o Conselheiro, começa a mudar o modo de agir diante das dificuldades. Homem, ele, que antes acreditava que a quantidade de rezas feitas é que determinava o sucesso das pessoas, olhou a sua volta e viu que, na verdade, podia ter empregado mais tempo em outros aspectos da vida social em um grupo como o que ele comandava e se arrependeu disso. Assim, a primeira mudança promovida por ele ainda no caminho em direção a Canabrava foi diminuir a quantidade de tempo empregado às preces. Além disso, começou a se sentir incomodado quando seus seguidores se ajoelhavam diante dele, pedindo bênçãos, e exigiu que parassem. Os comandados estranharam, mas incapazes de questionar, como sempre o foram, respeitaram a decisão. Como exemplifica o trecho a seguir: Não quero mais bodes velhos se ajoelhando pra mim e babando na minha mão. Basta um bom dia, um suscristo. — Nem de manhã cedo, meu bom Jesus? — Era Barnabé perguntando. — Basta um suscristo. (p. 31) Com o passar do tempo, se desfez da barba, cortou o cabelo e, mais ainda, não usou a roupa que fazia dele o líder santo como todos o conheciam. Tornou-se comum, e agora exigia ser chamado de Antônio apenas. Conselheiro teve transformações inimagináveis, certo de seus motivos: por medo de ser identificado pelos federais e Revista Crátilo, 10(2): 104-105, dez. 2017 © Centro Universitário de Patos de Minas http://cratilo.unipam.edu.br 105 Revista Crátilo, 10(2): 104-105, dez. 2017 porque se viu na obrigação de ser um líder melhor para o povo, sem rótulos e santificações, queria cuidar de seu povo como chefe comunitário. Os homens continuaram seguindo e obedecendo a suas orientações mais por respeito à rara inteligência organizacional que ele tinha do que, como antes, pela sua liderança religiosa. A mudança foi tamanha que a nova Canudos tinha mais organização: casas melhores com mais espaço, mais mantimentos. O povo aceitou ajuda de estrangeiros que sistematizaram o trabalho e fizeram ferramentas que facilitavam a lida diária. Dessa forma, nota-se que Veiga propõe uma reconstrução de Canudos que só fora possível e tivera sucesso por causa das transformações na personalidade de seu líder que influenciaram na criação de sua nova comunidade. Esse livro é especial, como toda a obra de Veiga, e sua recomendação se faz necessária não só pela maneira brilhante com que Veiga constrói um belo renascer de Conselheiro, mas também pela homenagem aos guerreiros de Canudos que, infelizmente, foram brutalmente assassinados pelo exército brasileiro.
Num dos últimos romances do grande escritor José J. Veiga, também conhecido como J. J. Veiga, o autor fez um enredo que traz forte ligação com a história de Canudos, propondo um final diferente e, ao mesmo tempo, um novo ciclo para a vida dos guerreiros baianos. Em A Casca da Serpente, publicado em 1989, a história se inicia no final da Guerra de Canudos, na qual se podiam encontrar os destroços deixados pelo exército brasileiro, porém, com uma diferença: Conselheiro ainda vivo cria um plano em que consegue, com a ajuda de seus comandados, fingir-se morto para não ser capturado pelos soldados. Com o sucesso da estratégia, o líder religioso consegue reerguer outra Canudos em um lugar chamado Canabrava. Lá, a vida de todos que seguiam o bom conselheiro se torna melhor, o que nos remete ao ponto mais importante e mais notável dessa obra de Veiga. O líder se transforma em muitos aspectos e isso influencia a vida de todas as pessoas que o cercam. Antônio Vicente Mendes Maciel, o Conselheiro, começa a mudar o modo de agir diante das dificuldades. Homem, ele, que antes acreditava que a quantidade de rezas feitas é que determinava o sucesso das pessoas, olhou a sua volta e viu que, na verdade, podia ter empregado mais tempo em outros aspectos da vida social em um grupo como o que ele comandava e se arrependeu disso. Assim, a primeira mudança promovida por ele ainda no caminho em direção a Canabrava foi diminuir a quantidade de tempo empregado às preces. Além disso, começou a se sentir incomodado quando seus seguidores se ajoelhavam diante dele, pedindo bênçãos, e exigiu que parassem. Os comandados estranharam, mas incapazes de questionar, como sempre o foram, respeitaram a decisão. Como exemplifica o trecho a seguir: Não quero mais bodes velhos se ajoelhando pra mim e babando na minha mão. Basta um bom dia, um suscristo. — Nem de manhã cedo, meu bom Jesus? — Era Barnabé perguntando. — Basta um suscristo. (p. 31) Com o passar do tempo, se desfez da barba, cortou o cabelo e, mais ainda, não usou a roupa que fazia dele o líder santo como todos o conheciam. Tornou-se comum, e agora exigia ser chamado de Antônio apenas. Conselheiro teve transformações inimagináveis, certo de seus motivos: por medo de ser identificado pelos federais e Revista Crátilo, 10(2): 104-105, dez. 2017 © Centro Universitário de Patos de Minas http://cratilo.unipam.edu.br 105 Revista Crátilo, 10(2): 104-105, dez. 2017 porque se viu na obrigação de ser um líder melhor para o povo, sem rótulos e santificações, queria cuidar de seu povo como chefe comunitário. Os homens continuaram seguindo e obedecendo a suas orientações mais por respeito à rara inteligência organizacional que ele tinha do que, como antes, pela sua liderança religiosa. A mudança foi tamanha que a nova Canudos tinha mais organização: casas melhores com mais espaço, mais mantimentos. O povo aceitou ajuda de estrangeiros que sistematizaram o trabalho e fizeram ferramentas que facilitavam a lida diária. Dessa forma, nota-se que Veiga propõe uma reconstrução de Canudos que só fora possível e tivera sucesso por causa das transformações na personalidade de seu líder que influenciaram na criação de sua nova comunidade. Esse livro é especial, como toda a obra de Veiga, e sua recomendação se faz necessária não só pela maneira brilhante com que Veiga constrói um belo renascer de Conselheiro, mas também pela homenagem aos guerreiros de Canudos que, infelizmente, foram brutalmente assassinados pelo exército brasileiro.
O livro "A Casca da Serpente" do escritor José J. Veiga foi instrumento de Seminário da disciplina Literatura Brasileira III ministrada pelo professor Raimundo Nonato Gurgel Soares, onde J. J. Veiga reescreve a historia de Os Sertões de Euclides da Cunha sobre outra ótica/visão diferente daquela escrita por Euclides da Cunha. Em seu livro A casca da Serpente J. J. Veiga vem relatar a história de Antônio Conselheiro de outra forma/maneira. Em A casca da serpente o enredo inicia com a fuga do bom Conselheiro com alguns de seus jagunços da guerra de Canudos, visto que não tinham mais como lutar com os soldados republicanos da Bahia, a não ser renderem-se e serem torturados e degolados pelos mesmos. Antônio Beatinho e Bernabé José de Carvalho e demais jagunços pensaram numa fuga estratégica. Foram até o general Arthur Oscar, o que comandava o ataque a Canudos, pedirem redenção, afirmando que seu dirigente estava morto e enterrado. Enquanto isso os outros jagunços teriam mais tempo para fugirem mais para o norte do sertão com o bom Conselheiro, que, na verdade, aqui nesta história ele está apenas doente.
Desse ato de heroísmo desses dois personagens continua o desenrolar da metaficção de forma artística e envolvente que cabe qualificar este grande escritor, José J. Veiga. Este enredo é uma reescritura, um recontar de Os sertões de Euclides da Cunha, podendo ser confirmado na polifonia discursiva que há entre eles.
O desfecho de Os sertões é a morte de Antônio Conselheiro, o jagunço cruel que carregava consigo o estigma do mito messiânico. Morre vitimado de uma disenteria durante as invasões dos soldados republicanos a Canudos. É enterrado a 22 de setembro de 1897. Dia 05 de outubro acaba toda a população daquele arraial. Dia 06 de outubro cai Canudos. Os últimos a morrerem foram em número de quatro pessoas: um velho, dois homens e uma criança. O governo da Bahia encontra o corpo de Antônio Conselheiro enterrado, desenterra-o, corta a sua cabeça e a expõe em praça pública para o delírio de muitos. É tido como romance histórico, enquanto A casca da serpente é caracterizada como metaficção histórica.
Um pouco sobre Antônio Conselheiro...
Antônio Conselheiro de Os sertões era um sertanejo, rude, cruel e muito místico. Era filho de comerciante e separado. Ficou um pouco perturbado depois que encontrou sua mulher o traindo com um soldado. Depois desse fato, sua religiosidade tornou-se uma mistura de catolicismo e candomblé atrasados. Isso devido ao seu isolamento do mundo, e do próprio contexto da colonização do Brasil. Os sertanejos deixavam-se influenciar muito por padres, pastores e falsos profetas. Conselheiro chamava o governo republicano de obra de Satanás. Passou dez anos sumido. Todos pensavam ter morrido. Reaparece alto, magro, barba e cabelos desgrenhados e longos, túnica cinza, cordão amarrado na cintura, sandálias, alforge e chapéu de couro. Pregador de uma doutrina confusa que misturava Missão abreviada e Horas Marianas. Pregava o fim do mundo, preparava as pessoas para a morte e ensinava penitência. Realizava variados sacramentos religiosos. Era seguido por grande número de fiéis. Vivia em pé de guerra com o governo da Bahia.
A última desavença, já habitando Canudos, uma fazenda tida como lugar sagrado, protegida pelas montanhas; foi quando solicita madeira para reformar sua igreja, sua grande obra, e o juiz da Bahia lhe nega. O sertanejo ameaça, então, invadir a cidade. Inicia as invasões pelos soldados baianos a Canudos, até ser tomada e toda população dizimada. Inicia essa Guerra em novembro de 1896 e vai até 5 de outubro de 1897.
Ele acreditava na certeza de ir para o céu se morto em combate, defendendo uma causa sagrada. Mas por ironia do destino, pelo que ora foi narrado, não conseguiu a salvação.
É esse personagem que inicia o enredo de A casca da serpente, mas que com o passar do tempo vai se transformando em um outro personagem tão quanto ou mais interessante e envolvente que o anterior.
A personagem de Antônio Conselheiro corresponde à pessoa marginalizada pela sociedade, que mudará do plano marginal (andarilho) para o plano de poder (dirigente de um povo). É a história de cima (dos poderosos) sendo vista pela história de baixo (os medianos, representantes do povo) (LUCKÁS, (2000). Percebe-se uma crítica à política nacional, à centralização do poder da República, aos soldados que vão pra guerra e morrem sem razão para se fazer valer a vontade de homens egoístas, gananciosos até mesmo psicóticos.
Biografia de José Jacinto Veiga
José Veiga, mais conhecido como J. J. Veiga, (Corumbá de Goiás, 1915 - Rio de Janeiro, 1999) foi um escritor brasileiro, considerado um dos maiores autores em língua portuguesa do lirismo fantástico também foi romancista e contista de ficção contemporânea. Em 1935 foi para o Rio de Janeiro, onde exerceu as mais variadas funções. Trabalhou no comércio, no rádio (como locutor) e na área da propaganda.
José J. Veiga traduziu diversas obras de grandes autores da literatura mundial como Ernest Hemingway. Seus livros foram publicados em Portugal, México, Espanha, Suécia, Estados Unidos, Noruega, Inglaterra e Dinamarca. Em 1997 recebeu o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto de sua obra.
Obras:
* Os Cavalinhos de Platinplanto (1959)
* A Hora dos Ruminantes (1966)
* A Estranha Máquina Extraviada (1967)
* Sombras dos Reis Barbudos (1972)
* Os Pecados da Tribo (1976)
* O Professor Burim e as Quatro Calamidades (1978)
* De Jogos e Festas (1980)
* Aquele Mundo de Vasabarros (1982)
* Torvelinho Dia e Noite(1985)
* O Trono no Morro (1988)
* A Casca da Serpente (1989)
* Os Melhores Contos de J. J. Veiga (1989)
* entre outros.
José J. Veiga traduziu diversas obras de grandes autores da literatura mundial como Ernest Hemingway. Seus livros foram publicados em Portugal, México, Espanha, Suécia, Estados Unidos, Noruega, Inglaterra e Dinamarca. Em 1997 recebeu o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto de sua obra.
Obras:
* Os Cavalinhos de Platinplanto (1959)
* A Hora dos Ruminantes (1966)
* A Estranha Máquina Extraviada (1967)
* Sombras dos Reis Barbudos (1972)
* Os Pecados da Tribo (1976)
* O Professor Burim e as Quatro Calamidades (1978)
* De Jogos e Festas (1980)
* Aquele Mundo de Vasabarros (1982)
* Torvelinho Dia e Noite(1985)
* O Trono no Morro (1988)
* A Casca da Serpente (1989)
* Os Melhores Contos de J. J. Veiga (1989)
* entre outros.
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